quarta-feira, 14 de julho de 2010

Autenticidade e comprovações pessoais*

Por Rita Foelker

Inúmeras pessoas não acreditam em Espíritos, em fenômenos anímicos ou mediúnicos.
Algumas esperam provas, de preferência produzidas exclusivamente para si, zombando daqueles que consideram crédulos ou ingênuos.
Sobre essas pessoas, diz Kardec: “Os que no Espiritismo unicamente procuram efeitos materiais, não lhe podem compreender a força moral. Daí vem que os incrédulos, que apenas o conhecem através de fenômenos cuja causa primária não admitem, consideram os Espíritos prestidigitadores e charlatães. Não será, pois, por meio de prodígios que o Espiritismo triunfará da incredulidade: será pela multiplicação de seus benefícios morais, porquanto, se é certo que os incrédulos não admitem os prodígios, não menos certo é que conhecem, como toda gente, o sofrimento e as aflições de quem recusa alívio e consolação.”**
E observa, ainda, o Codificador: “Os meios de convicção variam extremamente, segundo os indivíduos. O que persuade a uns não impressiona a outros. Se um se convence por meio de certas manifestações materiais, outro por comunicações inteligentes, a maioria é pelo raciocínio.” ***
Enquanto um olhar atento e uma mente aberta poderiam enxergar evidências da vida espiritual e da fenomenologia espírita por toda parte, continuamos encontrando pessoas que as negam sistematicamente. Talvez, porque o convencimento dependa do grau de entendimento da natureza da realidade espiritual, que só pode advir de um estudo aprofundado das leis universais e de uma observação isenta de paixões e sectarismos.
O que significa comprovar uma ideia ou um fenômeno? Presenciar, ver e tocar seus efeitos? Admitir como razoável, dentro de uma linha de raciocínios lógicos, experimentações pessoais e observações?

Sincronicidade

Muitas das comprovações possíveis, de uma ação inteligente presidindo nossas vidas, ocorrem no campo do que chamamos de sincronicidade.
Criado pelo psicanalista Carl Gustav Jung (1875-1961), em 1929, o termo sincronicidade define um princípio de “ligação não-causal”, ou seja, de ligações significativas entre fatos aparentemente não relacionados entre si.
Fatos sincrônicos revelam o propósito inteligente, evolutivo da vida, orientando e incentivando através de pequenas e simples ocorrências, em geral percebidas somente por aquele a quem se dirigem. Eles podem acontecer (e acontecem) com qualquer pessoa, o que varia é o grau de consciência a seu respeito.
É preciso estar em contato consigo mesmo e com um nível mais sutil de percepção, para constatar que a sincronicidade existe e funciona. Pode ocorrer um fato externo, banal para a maioria das pessoas, mas com um significado subjetivo que descobrimos posteriormente, um significado que conduz a uma nova compreensão ou a percepção de sentidos anteriormente ocultos nas situações da existência.
Os caminhos da Espiritualidade são sutis e delicados. Somente as almas endurecidas pedem provas retumbantes, e ainda assim seriam capazes de delas descrer.
Para o filho de alma sensível, uma flor que nasce no jardim pode ser um recado de sua mãe que partiu, pelos significados e conexões internas que se estabelecem, pela sintonia de afeto que se cria.
Não é curioso que aqueles que mais exigem provas e comprovações sejam aqueles que estão mais longe de percebê-las e de compreender?
É importante deixar claro, porém, que as comprovações pessoais da presença e ação dos Espíritos na existência não excluem a necessidade e nem a possibilidade de obtenção de comprovações objetivas que a ciência espírita obtém diuturnamente.

Quem foi Carl Gustav Jung

Médico psiquiatra suíço, foi o fundador da psicologia analítica. Profundo conhecedor de história e mitologia, suas teorias sobre os tipos psicológicos, o inconsciente coletivo e os arquétipos iluminam vários aspectos não apenas do indivíduo psicossocial, mas do ser espiritual em evolução.
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* Este texto foi publicado originalmente no Jornal do CEM - Ano VIII - Edição nº7 – Dezembro de 2004, com o título "Autenticidade e comprovações", e foi revisado para esta postagem.
** A Gênese, Cap. 15, item 28.
*** O Livro dos Médiuns, “Do método”, item 29.

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