quarta-feira, 21 de julho de 2010

A impessoalidade do exercício mediúnico *

Na postagem anterior foram citados trechos da orientação abaixo, que reproduzimos na íntegra para conhecimento e análise do leitor

Por Werneck (Esp.)/Rita Foelker

Quando procuramos um médium, não procuramos por ser Rita, Maria ou José. Buscamos determinadas qualidades que tornam o médium mais apto à tarefa que se apresenta. Buscamos, entre os médiuns da mesa, o perfil mais apropriado. Servimo-nos daquele que melhor se adapta à necessidade do momento.

Neste sentido é que dizemos que as ligações mediúnicas mais saudáveis são impessoais.

Se nos ligamos afetivamente aos médiuns com que trabalhamos? Claro! Mas não lhe somos exclusivos, nem ele o é para nós, e não hesitaremos em buscar outro medianeiro mais qualificado para um mister diferente, se esta providência se mostrar cabível.

Espíritos que se ligam aos médiuns por motivos pessoais existem, e não são poucos. Haja vista, toda a gama dos obsessores e subjugadores. Também as afinidades estabelecidas em existências anteriores poderão facilitar o contato com estas criaturas. Mas o bom médium não vive de ligações pessoais com almas familiares ou simpáticas. Ele busca, no estudo e autoconhecimento aliados à humildade, a possibilidade de ser mais útil a uma variedade maior de Espíritos e eficiente numa diversidade de situações.

Aliás, se fazemos alguma distinção com relação aos médiuns é no que tange ao desenvolvimento destas virtudes:

  • o estudo sincero e o empenho real em aprender sobre a mediunidade e as leis espirituais;
  • o conhecimento de si mesmo que diminui a possibilidade de ser enganado por suas próprias fraquezas;
  • a humildade, que evita interferências personalistas do orgulho e da vaidade.

Se existe um médium para preferirmos exclusivamente como instrumento e, não, como ser humano, é este.

Acostume-se, portanto, o médium a não tomar como pessoais as ligações que se estabelecem na reunião, a não se tornar defensor ou acusador da criatura necessitada que o procura para fins de reajustamento íntimo, nem se considere agraciado pela chance de ser intermediário de palavras sublimes.

A prudência pede que se abstenha de comentários que denunciem preferências ou antipatias por esta ou aquela entidade comunicante. O amor abraçará a todos, na medida em que aumentar dentro de nós.

Entregar-se ao serviço mediúnico com bondade e sem acúmulo de expectativas sobre o próprio desempenho e sobre as comunicações recebidas é a melhor maneira de não se ver surpreendido, mais tarde, pela fileira dos equívocos de julgamento.

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Quando, na sua tarefa habitual, o médium consegue igualmente se desprender de suas exigências e maneirismos pessoais, quando consegue relevar seu desejo de atender somente a determinada faixa de Espíritos em benefício da experimentação e do socorro às criaturas em sofrimento, torna-se facilitador do próprio aprendizado e desenvolvimento.

Quando, ao contrário, fecha-se no limite de mimos e idiossincrasias é ele, mais que qualquer outro, quem perde a oportunidade da lição presente na experiência.

No silêncio de sua alma, cada um sabe o que pode ou não fazer com sua faculdade sem prejudicar a saúde física e emocional. Que ninguém se prejudique com o pretexto de servir, e recorra aos Espíritos orientadores para esclarecer-se e assegurar-se do que é apropriado a cada momento. Mas também, que ninguém se negue a possibilidade de tentar algo novo, por preconceitos ou receios sem maior justificativa que os próprios preconceitos.

Que ninguém busque os louros da glória entre os homens, porque no ponto mais alto do exercício mediúnico encontram-se a abnegação e o desinteresse.

Entender a mediunidade como a moeda recebida em confiança na parábola dos talentos; aplicá-la, não exclusivamente segundo nossos gostos, mas segundo as necessidades da vida; investi-la sem medo, mas com bom senso, e sem distribuição indiscriminada dos seus bens, tudo isto são responsabilidades de todo bom médium.

Unicamente o discernimento e a humildade conferem parâmetros seguros a este exercício, discernimento e humildade que não podem conviver com o personalismo.
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* Esta comunicação foi publicada originalmente no Jornal do CEM - Ano V - Edição nº9 - Fevereiro de 2002

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