domingo, 11 de julho de 2010

Peculiaridades do Espiritismo prático*

Quando se fala em Espiritismo prático, em médiuns e mediunidade, pessoas diferentes têm ideias bastante diferentes sobre de que se trata.
Sejam elas espíritas ou não-espíritas.
Primeiro, porque as leis do intercâmbio mediúnico funcionam com ou sem conhecimento profundo das mesmas. Quero dizer que é até possível formar um grupo e iniciar uma reunião de auxílio a Espíritos e encarnados – e efetivamente atingir resultados – sendo ou não um profundo conhecedor dos processos envolvidos e das premissas básicas para uma utilização responsável do potencial mediúnico. Isto, evidentemente, pode conduzir a desvios que não serão abordados aqui. Segundo, porque o principal, que é a intenção sincera, o desinteresse moral e o amor, aliados à faculdade mediúnica, podem ser encontrados em toda parte. Quando percebem nos grupos tais qualidades, bons Espíritos acorrem a estes núcleos e podem, até, suprir sua necessidade de orientação. Afinal, se assim não fosse e se os simples e os iletrados não tivessem acesso aos seus benefícios, a Espiritualidade não conseguiria atuar em tantos lugares e consolar tantos corações.
Agora, há sempre o perigo de a vaidade brotar e pôr o trabalho a perder, ou de surgirem Espíritos oferecendo instruções que contrariam o bom-senso e a boa lógica das manifestações. Por isso, não se recomenda a prática mediúnica sem estudo dos princípios contidos em O Livro dos Médiuns e de uma forte base de compreensão do Evangelho.
Foi dito acima que há muitas idéias diferentes acerca do “que é” e “como” praticar a mediunidade, tanto para quem está familiarizado com os costumes de algum grupo específico, como para quem pouco conhece do assunto. A diversidade de estilos de reunião poderia deixar confuso, a princípio, aquele que decidisse aprender da experiência, visitando diferentes grupos e colhendo informações para formar seu próprio conceito.
Mas há alguns elementos que realmente diferenciam uma reunião mediúnica baseada nas instruções deixadas por Kardec e os Espíritos da Codificação daquelas que encontraram outros caminhos divergentes ou, até, conflitantes. Vamos enumerar alguns:

  1. Numa prática espírita bem fundamentada e potencialmente bem sucedida, empreendida por grupos sérios, há princípios e métodos envolvidos, que surgem da compreensão das leis de Deus e do funcionamento da prática mediúnica.
  2. Não há rituais, objetos ou paramentos materiais, pois tudo o que se pede aos participantes é a preparação da alma pela humildade, amor e desejo de instruir-se.
  3. Há a prece que estreita a ligação com Espíritos elevados, ligação que é necessária para o bom andamento da reunião. A prece constitui também o reconhecimento de que não trabalhamos sozinhos e que não produzimos fenômenos e comunicações úteis apenas pelo nosso desejo e vontade, mas na dependência da ligação com os trabalhadores abnegados do Outro Lado.
  4. Podemos encontrar grupos, não somente de prática e assistência espiritual, que são os mais numerosos, mas também de pesquisa e estudo da mediunidade.
  5. Devido à sutileza do objeto da reunião, o Espírito encarnado e desencarnado e suas afecções, exige-se requisitos em geral ausentes de outros tipos de estudo, pesquisa e prática. O aspecto moral é um dos mais relevantes. Nada nos grupos sérios jamais é feito por dinheiro ou outro tipo de interesse. Quem recebe a ajuda costuma ser desconhecido do grupo de trabalho, inclusive.
  6. Os médiuns são considerados pessoas comuns, companheiros de tarefa e, jamais, a são tratados de forma especial que sugira algum tipo de idolatria à personalidade.
  7. A ajuda ocorre pela ação do pensamento à distância, pela prece em favor dos assistidos e pelo esclarecimento aos desencarnados. Tal auxílio não exige ações materiais daquele que o procura, mas é favorecido pela sintonia de pensamento. Portanto, o que será pedido àquele que busca auxílio é uma atitude de prece e a melhoria nos padrões de pensamento.

Não creio ter esgotado os itens presentes numa boa reunião espírita nos moldes do Espiritismo legado por Kardec, mas imagino ter contribuído para esclarecer alguns leitores a respeito de quais indícios é preciso analisar, ao travar conhecimento com um grupo mediúnico.

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* Este texto foi publicado originalmente no site da Fundação Espírita André Luiz, em 30/10/2006.

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