Tudo está fluindo para o seu melhor e para a minha melhoria...
Por Rita Foelker - Texto inédito
Seguir o fluxo. Nadar contra a corrente. Eu já ouvi as
pessoas defendendo as duas coisas.
Em “nadar contra a corrente” parece haver algo de heroico,
uma afirmação da vontade, que aumenta a satisfação de realizar o que se deseja.
Superar as circunstâncias adversas.
Em “seguir o fluxo” parece haver sabedoria, tranquilidade,
aceitação e percepção de que as coisas precisam amadurecer para frutificar.
Eu não tenho dúvida de que há um fluxo, um momento propício
para cada coisa acontecer e que isto está além da minha possibilidade de
determinação e controle.
Por outro lado, embora não acredite em “nadar contra a
corrente” das leis universais, sei que tenho muito que superar – as minhas
fragilidades, os meus traumas.
E que as circunstâncias aparentemente tentam me refrear,
podendo levar a pensar que devo lutar contra elas. Mas que também é uma questão de
interpretação pois, como disse Osho: “Aqueles fortes ventos que batem firme não
são realmente inimigos. Eles ajudam você a integrar-se. Parece até que vão
desenraizá-lo, mas, ao lutar com eles, você se enraíza.”[1]
Ora, preciso me fortalecer. Por isso, sei que, se não reafirmar sempre aquilo
que quero, que é meu ideal, se deixar simplesmente “rolar”, provavelmente vou me
desconcentrar, perder-me nos meus labirintos internos, deixando passar
oportunidades, ignorando as inspirações e intuições. Não se trata, porém, de lutar
contra as circunstâncias e, sim, de compreendê-las, ver além delas. Alterá-las, se for o caso.
Seguir o fluxo também é diferente de abandonar-se à
correnteza, de largar tudo e apenas esperar. Entendo que a determinação e o
foco precisam existir, sobretudo quando não parece muito claro que tudo está
fluindo para o seu melhor e para a minha melhoria – porque está, mesmo que
ignoremos. Neste planeta onde vivemos no espaço-tempo, as coisas podem ter
alguma demora. Então foco, atenção e determinação tornam-se importantíssimos,
assim como a sinceridade no desejo de automelhoria.
Eis onde entra o semear e o colher. Se todos os dias
plantarmos uma semente na forma de ato, palavra ou pensamento, em favor daquilo
que esperamos realizar, a colheita chegará. E isto, sendo determinação, foco, atenção (e
também autossuperação, em muitos casos), não significa nadar contra a corrente
das leis universais. Significa enxergar além das circunstâncias visíveis e
realizar os ajustes necessários, primeiro em nós, depois em torno de nós. Significa
depositar nossa fé no fluxo da vida lembrando, como diz Aymará, que a energia
se move em círculos.
Eis onde entra a confiança. Se permanecermos serenos (se
conseguirmos isso) vamos perceber que, em determinado ponto, parece que os
acontecimentos se apressam, o vento enfuna a vela e tudo se encaixa de um modo
que, às vezes, sequer imaginamos e de um jeito muito melhor do que poderíamos
supor.
Só não se esqueça de que há atitudes que, quando as
adotamos, são como “fechar a torneira”. Mas isso fica, talvez, para outro
texto...
[1] Se
você tem comichões ao ler o nome de Osho, siga o conselho de Kardec: “Julgamos
os espíritos pela sua linguagem e as suas ações. As ações dos espíritos são os
sentimentos que eles inspiram e os conselhos que dão.” (O livro dos médiuns, item 267, 2º)
..é Rita, parece que a vida exige as duas coisas, e a sabedoria é descobrir o momento correto de usar cada uma delas. Parece-me que viver é se fortalecer nessa descoberta. Seu texto me levou a profundas reflexões. Parabéns!
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