Por Rita Foelker
– Para o site FEAL
“Teu crítico é
que te faz crescer.[1]” Nesta
afirmação, o médico e professor espírita Décio Iandoli Jr. faz pensar na
crítica, no seu melhor sentido. Mas seria, ela, apenas a chamada “crítica
construtiva”, aquela que é feita no intuito de acrescentar, aprimorar?
Vou defender
aqui que o conjunto das críticas que constroem pode ser bem maior que o
conjunto das críticas feitas com objetivo construtivo. Pois a construção não
depende simplesmente de como ela é feita, mas principalmente de como é recebida
e aproveitada.
Uma indicação
disso se encontra em Provérbios 9:8: “Não repreendas o escarnecedor, para que
não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará.” Ou seja, na situação de ser
criticado, alguém arrogante se aborrece, imagina-se acima da crítica, permanece
onde está e nada aprende. Mas a pessoa que compreende o valor do aprimoramento recebe
de boa vontade e agradece o crítico, por haver permitido agregar melhorias a
sua realização. Por ter tido a chance de pensar melhor e obter um resultado
melhor do seu esforço.
Olhando por esse
lado, mesmo que uma crítica chegue meio “torta”, pareça indevida ou imerecida, isso
não quer dizer que não seja útil. Ela pode nos alertar para algo que não percebemos,
para prestarmos mais atenção a aspectos relevantes. Mas isso somente se, no
momento exato, esquecermos o ego e nos lembrarmos de usar a humildade que abre
a mente e os ouvidos. Só o fato de contar com uma perspectiva diversa pode ser
um benefício.
E se alguém
argumentar contra, o diálogo pode ser um modo de checar seus próprios
argumentos e fortalecê-los.
Claro que, se
colocarmos o ego na frente, não conseguiremos ter lucidez e encontraremos um
meio de disputar razões com nosso crítico. Mas inteligentemente colocando-o no
seu devido lugar, podemos usar aquele momento pra evoluir.
Houve certa vez
uma conversa com meu filho, sobre os papéis dos vilões na literatura e cinema. Sem
o vilão, seria difícil desenvolver a trama. O vilão existe para o herói poder
mostrar quem ele é. Quando o herói responde à ação ou provocação do vilão, ele
usa seus poderes, sua inteligência, demonstra as suas qualidades e é
confrontado por suas fraquezas. Isso o leva frequentemente a encarar
circunstâncias e superar-se, encontrando capacidades ignoradas para vencer o
desafio. Encontrar resistência pelo caminho é um jeito de nos fortalecermos e
adquirir mais segurança.
De fato, a
crítica recebida positivamente pode ser um meio de trazer à tona nosso melhor
potencial, ainda adormecido. Não importa de onde veio, com que intenção. Isso
mesmo, uma crítica pode não ter sido construtiva na sua origem, mas ainda pode
construir.
[1] O trecho
pertence ao texto “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, postado no blog Portal
Espiritualista. Disponível em http://migre.me/g1bns
Nenhum comentário:
Postar um comentário