quinta-feira, 3 de julho de 2014

Divagações entre o Belo e a Verdade I



A beleza tem um poder que quase impede de pedir explicações

Por Rita Foelker


Sempre achei fractais fascinantes. Gosto de imaginar que, se realmente chegássemos a uma teoria de tudo e a aplicássemos a um modelo, obteríamos algum tipo de beleza desse tipo. Só que superior. Chamo isso de “mandelbrotear”, numa referência a Benoit Mandelbrot, o polonês que descreveu uma geometria perfeita das irregularidades da Natureza e da economia.

A beleza tem um poder que quase impede de pedir explicações. É até difícil pensar que Kant era um cara tão sistemático que se esforçou enormemente pra teorizar sobre ela sem conseguir clarear o assunto. Também, clarear não era o seu maior talento...

Mas ele nos deixou algo pra ajudar a pensar sobre: as formas da intuição e as categorias. Nosso modo de enxergar, entender e interpretar as coisas.

E elas revelam outra perspectiva, elas nos expõem cotidianamente aos efeitos sensíveis da ganância, da violência, da indiferença pelo sofrimento. E tudo isso é inquestionavelmente feio. Deprimente. Impactante. Doloroso.

É quando eu me pego nessa inconsistência (aparente) do sistema. Se uma teoria de tudo é tão bela, como ela produziria anomalias tão gritantes? Kant diria que a resposta está na liberdade, a causa incondicionada.

Ou também poderíamos dar exemplos de todas as teorias que, no limite, desembocam em paradoxos.

Em Filosofia, paradoxo é uma afirmação que parece contraditória dentro de um sistema e que, no entanto, faz sentido. Em Lógica, a coisa é mais rigorosa: uma afirmação ilógica ou contraditória que é deduzida dentro de um sistema lógico.

Recorrer aos paradoxos seria uma saída mas, certamente, não é uma solução... 

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